06.Ago.07
afinal, devem-se dar um ou dois beijos?
Ando á tempos para escrever sobre isto, que afinal de contas é uma situação que se está a tornar cada vez mais comum, falo por mim, nunca acerto:
ou me deixam de cara no ar, ou sou eu que deixo os outros.
Eu sou muito difícil para dar beijos aos pessoas que me são menos chegadas ou conhecidas, desde pequena que sou assim, a minha mãe passava a vida a dizer-me, comprimenta as pessoas, dá um beijinho e eu lembro-me desde essa altura, ser para mim difícil dar um beijo para cumprimentar alguém que me fosse estranho. Há uns anos, as coisas eram bem mais simples: os beijos só se davam num círculo restrito de intimidades, com grande educação, não havia estes sobressaltos.
Reconheço que a tradição portuguesa, como a espanhola e a francesa, era de dar dois beijos. As classes altas que se refugiaram em Inglaterra no tempo das lutas liberais, trouxeram de lá o comedimento saxónico, o beijo único – mais simples, mais elegante, mais rápido.
Pessoalmente, acho que é mesmo mania, ou seja agora é bem dar só um beijo.
E na vida profissional isto torna-se ainda mais embaraçoso. Está a internacionalizar-se o simples aperto de mão, mesmo entre mulheres. E assim resolve-se um dos principais embaraços. Avance de mão estendida a torto e a direito, sem dar oportunidade a mais nada.
O que eu gostaria mesmo era que os beijos voltassem a ser um cumprimento muito íntimo, e o problema deixava de se pôr. Mas, como o tempo não volta para trás, ainda vamos ter de ver muita cara abandonada no ar. Começando pela minha.