11.Dez.06
COMO EU SOU
Tenho muitos defeitos, nunca o escondi. Mas tenho uma grande qualidade, claro que para mim, é uma grande qualidade, sou sincera, frontal, transparente. Quando estou triste ou zangada ou magoada, não sorrio, não disfarço, não sou cínica nem irónica. Os outros sabem com o que podem contar, vê-se logo na minha cara. Sou emocional (com muito orgulho) e espero continuar a indignar-me com pessoas que são cínicas, até ao fim da minha vida. Também sei que isso não é politicamente correcto, que não é de adulto “respeitável”, mas não me importo nada com isso. Prefiro "magoar" com cara feia do que com um sorriso cínico. Sempre aprendi que sorrir é bom, é sinal de bem-estar, de felicidade. Para mim, um sorriso nunca é sinal de hipocrisia. Talvez por isso tenha tanta dificuldade em entender (e ser entendida por) quem o faz.
A coerência é um dos valores mais importantes. Porque a falta dela, anda muito perto da falta da verdade, da honestidade, da lealdade, do respeito. Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Não podemos dizer o que nos apetece, e achar que só porque somos nós a dizê-lo é “com amizade e ternura”, e esperar que os outros se abstenham do mesmo tipo de comentários (o que eu por vezes faço).
Uma das coisas que a vida me ensinou é a parar para pensar (e já vou começando a fazer mais isso) porque razão alguma coisa me incomoda tanto. Todos nós temos as nossas inseguranças, os nossos medos. Todos nós nos enganamos (e nos enganámos) um dia. E não é vergonha nenhuma reconhecer isso. O que nos faz verdadeiramente mal é fazer de conta. É tentar ocupar um vazio à pressa, é saltar etapas, é compartimentar tudo como se o coração se limpasse com lixívia. A vida não é assim. As pessoas são todas diferentes, e os sentimentos também.
Tenho muito poucos amigos e cada vez mais me convenço disso. Mas os poucos que tenho, gostamo-nos incondicionalmente. E isso, é raríssimo de encontrar. Porque esse sentimento (AMIZADE) é independente das nossas opiniões, não estamos sempre de acordo, não pensamos da mesma forma, não vivemos da mesma maneira. Mas isso não nos impede de nos expressarmos, não temos assuntos tabu, não nos coibimos de sermos nós próprios.
Eu sei que o conceito de amizade varia muito, o que é uma pena. Há quem pense que os amigos não devem dizer o que pensam uns aos outros, que isso é falta de respeito, de “elegância e generosidade”. Felizmente para mim, os poucos grandes amigos que tenho, sempre me disseram o que pensam de mim e do que faço, e isso ajudou-me MUITO a crescer. Bem hajam. Por muito que, muitas vezes, me tenha custado ouvir certas coisas, foram ditas com amor, para meu bem. Algumas estavam certas, outras não. Mas fizeram-me parar para pensar, mexeram comigo, ajudaram-me a conhecer-me melhor. Essa é a minha maior riqueza, o meu crescimento interior, muito maior que dezenas de diplomas na parede.
E penso que é isso que faz de mim uma pessoa melhor.